Agosto/ 2011
Ontem falei com um amigo – uma alma que vaga na escuridão dos defensivos agrícolas – gente boa. Comentamos de nossos antigas cartas vituais – tudo é antigo em um mundo líquido não é? Sumi porque algumas demandas acadêmicas consumiram minha capacidade de argumentar criativamente, ou seja livremente (assunto para um bom debate não achas?)
O amigo citado acima – que é minha anima critica e me mantém conectada com a realidade (lembra do filme Matrix? Lembra do equipamento que o pessoal do bem tinha que conectar na base da nuca para emergir ao mundo da matriz? É disto que falo! ) – também comentou que está “treinando in company” novos espiritos do mal e, arguemtnou que “ o mundo precisa se alimentar” a frase tipica da vertente do mal [1]). Tipica e verdadeira também, eu sei! Esta frase, fez com que eu hoje de manhã despertasse com um idéia na cabeça: eu não quero uma solução, apenas uma opção.
Porque? Nasci para buscar opções diferentes de tudo. Odeio a mesmice, vulgar, a cegueira do caminho já desenhado, o determismo científico e falta de OUTRA opção ( Edu você que sofre com isto né?) Quando descobri que a força do mal sempre argumenta que alimentar-se é preciso, me despertou uma chispa. Quase deixo de preocupar-me por questões técnicas como quantos podem se alimentar com a produção orgânica de alimentos? Ou, qual a capacidade produtiva da agricultura orgânica? Ou, se é caro, raro e de difícil acesso economicamente falando? Acredito firmemente que devemos ter opções e não imposições.
Bem, opções exigem escolhas. Escolhas significam incertezas. Eliminar as incertezas parece ser o motivo pelo qual nos organizamos em grupos sociais. Quem é quer voltar a dúvida cruel se teremos ou não o que comer hoje no fim do dia? Sair a caçar e coletar comida naturalmente? Credo! Para isto existem os super mercados? Que para mim são a representação mais perfeita da matriz. Exagero? Será? Alguns de vocês, com hábitos alimentares estranhos como eu, por um acaso ja vivenciaram a cena no caixa do supermercado:
Cena caixa do supermercado
Take 1: funcionário pergunta com cara natural, buscando o código de barra do produto: _ Que é isto? Apontando para a beterraba.
Cliente Keli com cara de “ tá rindo da minha cara, né? Uma voz rerpesentando o pensamento da Keli fala: – É um daquelas filmagens ocultas de reality show? Close na cara de otária da Keli.
Take 2: Keli pega o celular e pede para desconectar-se pois já teve muito da vida real até aquela pergunta.
Comigo ja conteceu com a beterraba, com a alface e com a abobrinha! Alimentos raros, e não caros, na mesa de jovens como os que trabalham no supermercado, penso eu. Mas na verdade me dá medo perguntar a meu sobrinho de 7 anos se ele conhesse beterraba, a do supermercado lógico ( falando que ela não esteja em fomato de pó, lascas, congelada, pilulas, frita, mastigadas, embalada a vácuo com um etiqueta “ produto natural”) porque, imagina você, se terá idéia de como é a planta enterrada na terra. Exagero de novo? Sim meus sobrinhos, os 3, sim sabem como é uma beterraba. Mas parece que isto não é um requisito para ser caixa de supermercado. Está é uma profissão que eles não poderam ter no futuro.
Então, opções são incertezas. Gostaria de esclarecer aqui que para mim os clientes não querem mais opções de produtos e ou serviços, como algumas teorias de marketing defendem. Para mim os clientes querem mais opções, para ter mais motivos, para ficar mais tempo nas filerias dos supermercados lendo etiquetas, para primeiro não sair para a rua e ver o mundo e a solidão da cidade, segundo para ter assunto novo com os amigos: – sabe cara, achei uma beterrada pasteurizada com uma embalagem eco amigavél, que mantem todas as características naturais da beterraba. E o mais legal não parece beterraba, não tem gosto de beterrada, que pessoalmente não curto muito, pois é artificalmente saborizada e não tem gordura trans (sexual, risos) e é adoçada quimicamente, tem a mesma quantidade de calorias de uma banana e não tem casca. Super manero! Curti!
Ninguem quer conversar sobre o problema de como a beterraba é plantada né? Por favor deixemos de ser “aguafiestas” como dizem nossos amigos mexicanos.
Além do mais, outro motivo para eu quer uma outra opção, no lugar de um solução é que tenho uma vício democrático caracas!!! Eu gosto do enrosco entre PR, PT, PV, PSDB, base aliada e base desalinhada. Grêmio, Inter (putz aqui nao tem muita opção não é Ernani?) Católicos, protestantes, ateus, judeus, espiritas. Brancos, negros, amarelos. Bonitos, feios, baixos e magros, altos e gordos. Tudo igual é monótono, triste, griz. Porque ( até os porques tem variedades, diga-se de passagem que eu nunca sei qual usar) todo mundo tem que plantar as mesmas sementes ou comprar nos enormes hipermercados? Alguma coisa tem que ser diferente no meu ponto de vista. Quando o diferente ficar griz, penso que tá na hora de pintar tudo de novo. Meio shumpeteriano! Sabe?
Decididamente, também gosto de pensar. Quando tenho opções tenho que pensar sobre elas. Analisar-las. Justificar minhas opções. Defende-las e alguma vezes, poucas é claro – né Edu? – me equivocar com elas. Pensar e não ter medo de errar. Muito embora hoje em dia eu tenho experimentado alguns experimentos cientificamente controlados, onde pensar significa não errar, e para tanto devemos pensar igual, assim ninguém erra. Deixa para lá, este pensamento amargo porque pensar é mais doce (ê), fluído, incontrolável ( aqui outra vez a incerteza). Gosto de pensar em diferentes formas de alimentar-se, com diferentes insumos, diferentes culturas. Adoro cachorro quente, hamburguer, salchicha, mortadela, batata frita, osso buco, aboboras diversas, tomates infinitos, maças pequenas e verdes, melancia com semente ( ou seja fertil), laranja do céu, de umbigo, pão caseiro (normalmente sem receita), arroz variado, feijões coloridos. Não quero todo dia arroz, feijão, carne, tomate e alface na versão PF ou na versão “moderna” buffet de um monte de comida: batata frita, bife, arroz, ovo em conserva, feijão, tomate gaúcho, cenoura, beterrana, coração de galinha, farofa, couve refogada em tirinha, pudim, arroz com leite e canela, sagu, creminho amarelinho, pão cacetinho fatiado, refigerante diet light zero, e um nescafézinho com adoçante. A um módico precinho, que não custa nadinha além da saúde de cada CON SU ME DOR.
Quase nada!
[1] (perdão amigo, mas os chavões, é a bengala de ouro de um folhetim)