Não sei se todos sabem, mas meus estudos universitários foram executados na FAMECOS – Faculdade de meios de comunicação PUC RS – especificamente no curso de Turismo, no inicio dos anos 90. Quando eu estava saindo da faculdade se começava a falar em Turismo Sustentável. Mas naquela época de hormônios e sonhos no topo da minha cabeça, sustentável era saber o quanto eu deveria trabalhar para poder pagar a faculdade, o apartamento e a festa do fim de semana.
La pelos anos 2000 já mais consciente do universo, no final dos meus estudos de mestrado – desta vez em Engenharia da Produção – fiz um concurso para professora de Planeamento Turístico e novamente me encontrei como tema, pois era um dos pontos obrigatório para o exame. Voltei a estudar, mas naquele momento não me dediquei muito ao tema. Durante o período que estive frente as disciplinas de planeamento trabalhei com a orientação de alunos nos seus projetos de conclusão de curso e o tema Sustentabilidade nos Destinos Turísticos era frequente, me conduzindo a leituras sobre o tema. Mas ainda não tinha me fisgado.
Foi no meu MBA International Hotel and Restaurant Managemet em 2009 no México que o tema voltou a brotar e aí, já não pude mais conter a curiosidade para entender e saber mais sobre tudo isto. Resultado: uma tese de doutorado que envolve sustentabilidade e alimentos, especificamente a distribuição e o comercio dos mesmos. Durante o período que estava desenvolvendo minha tese, fui convidada a dar aulas na universidade de Santiago do Chile no curso de Engenharia Comercial, uma disciplina que eu desenvolvi, chamada Negócios Sustentáveis.
Dai meus estudos e pesquisas na área de desenvolvimento sustentável. Aprendi que sustentabilidade tem a ver com 3 vetores: o económico, o social e ambiental. Aprendi que é um tema complexo e, portanto, a melhor abordagem para entende-lo é sistémica. Aprendi a relação entre os três vetores principais geram ou estão vinculados a outras áreas de estudos como responsabilidade social, isolados ambientais, justiça ambiental, comercio justo, ética empresarial, direitos humanos, capitalismo compartido, economia circulas, ecoeficiência, economia e contabilidade ambiental, preço reflexo, mudança tributária, ciclo de vida do produto, impostos verdes, marketing verde, liderança sustentável, para citar alguns exemplos.
Sete dimensões é uma forma didática encontrada pelo autor Johan Elkington do livro Sustentabilidade: Canibais de Garfo e Faca. Neste livro o conceito de profit, planet and people foi apresentado e logo evolui para prosperidade económica, qualidade ambiental e justiça social. O prefacio incia com uma pergunta:
– Se você encontrasse um canibal comendo carne humana com garfo e faca[1], é sinal de que ele evoluiu?
Para nos ajudar a entender a sustentabilidade – na versão resumo executivo – vou escrever alguns blogs com cada uma destas dimensão as quais cito:
- O mercado de intercambio de produtos
- O desenvolvimento de novos valores que envolvem temas transversais
- A transparência dos atos produtivos.
- O estudo do ciclo de vida dos produtos.
- A mudança de perspetiva em relação ao tempo, trabalhar o longo prazo.
- Novas formas de se organizar para o trabalho através de associações
- E o governo corporativo que indica estratégias sistémicas de gestão de negócios.
Vamos lá até o próximo blog sobre sustentabilidade. Como informei no início do texto é um tema denso com distintos matizes e precisa ser tratado com carinho, para que o futuro que desejamos se torno um futuro possível.
Para mim é um tema de ser otimista e hedonista em relação ao futuro. Quem não tem otimismo dificilmente se envolve com um assunto que necessita de visão a longo prazo. Hedonista na visão de Epicuro, que associava o prazer à paz e à tranquilidade.
Carinhos,
Keli
[1] Poeta polonês Stanislaw Lec. Vale apena ler algumas de suas frases inspiradoras.